- Meninos...Meninas...juntem-se aqui. Quero contar-vos uma coisa - disse a rapariga, com um sorriso nos lábios.
- O quê? O quê? O quê? - gritou a criançada, curiosa.
- A Câmara Municipal da Guarda abriu um concurso literário para poesia - sussurrou com a voz embriagada de entusiasmo.
- Aaah! - responderam em coro, um bocado desapontados com a notícia.
- Avisem os vossos pais, irmãos, avôs, primos, amigos: poetas! Só poetas - cantarolou a rapariga, como se sonhasse. - O prémio é de € 2.500 e, ainda, a publicação da obra. Não é lindo? - os olhos brilhavam e as mãozinhas tremiam.
- Pois... - resmungaram as crianças, saindo daquela roda de gente e voltando às suas brincadeiras. Para trás ficou ela, sonhadora, mergulhada numa felicidade notória.
- Essa Menina da Biblioteca é um bocado estranha, não é? - perguntou um dos rapazes.
- É. Dizem que só lê, lê, escreve, escreve e fica assim, tola e feliz, com concursos desses - respondeu alguém.
- Se calhar nem é humana - murmurou uma rapariga bonita.
As cabeças viraram todas em direção à Menina da Biblioteca e lá estava ela, agarrada aos livros, a papel, caneta e portátil.
- Que bicho raro!
P.S: regulamento.